25 de jan. de 2010

Detectar plágio nos trabalhos dos estudantes ainda é tabu entre nós?

Ferramentas para detectar plágio em trabalhos acadêmicos

Atualmente, algumas universidades europeias discutem procedimentos para conscientizar os estudantes e os pesquisadores sobre o autoplágio. No Brasil, a reflexão em torno da questão do plágio, não do autoplágio, ainda engatinha. Pouco se discute sobre o que pode ser considerado plágio, limites e possíveis percentuais de tolerância numa monografia, por exemplo. Algumas universidades de São Paulo utilizam softwares para detectá-lo. Em 2009, outras importantes instituições de ensino superior também adotaram a nova prática.

O professor dispõe de recursos não eletrônicos para detectar se o trabalho apresentado pelo estudante é cópia. O procedimento abaixo não requer auxílio da internet e se refere à citação dos autores no texto.

A citação de vários autores seria evidência do contato com artigos científicos e capítulos de livros. Nem sempre. Em especial, se: 
1) O trabalho apresenta citação do mesmo livro, contudo, de diferentes anos (várias ocorrências);
2) Há muitas citações no corpo do trabalho, todavia, os autores não constam na seção das Referências;
3) O estudante utilizou com precisão tanto a citação literal (direta) como a paráfrase (indireta), mas não tem a menor ideia de como foram empregadas;
4) O "estilo" de redação alterna de uma citação para a outra de modo marcante.

Quando o estudante não tem os livros nem os artigos indicados em mão, pode ser que também não saiba responder como localizou as publicações nem tenha informações sobre outros procedimentos realizados para o desenvolvimento do trabalho. Quem sabe, apenas escolheu o Tema, todavia, não tem noções sobre Objetivo, Método ou Metodologia, redação e de como foram estruturadas as etapas do seu próprio trabalho...

O estudante que caminhou com a leitura e entendeu os textos está apto para fornecer diversas explicações. Quem de fato trabalhou duro por horas e horas em um estudo acadêmico-científico, ainda que tenha algumas dúvidas, não se mostrará assustado. Se por acaso escorregar aqui ou ali não se desesperará, desde que seja o autor do estudo. O professor orientador hábil reconhece os sinais e sabe distingui-los.

Pedro Reiz



Observação. No Manual de técnicas de redação científica, 3ª edição, elaborei uma lista de ferramentas gratuitas para detectar casos de plágio acadêmico. Paráfrases redigidas de modo adequado podem evitar plágios involuntários

Plágio é de origem do grego plágios, significa "trapaceiro"; "oblíquo". Plágio é o ato ou efeito de plagiar; plagiato. Por sua vez, plagiar  é assinar ou apresentar como seu (obra artística ou científica de outrem), conforme consta no Dicionário Aurélio.

 Autoplágio no texto acadêmico é entendido quando um autor reutiliza textos de própria autoria e que tenha publicado, contudo, não menciona o trabalho publicado anteriormente. 



4 comentários:

  1. Pedro, não sou professor, mas sei como é ficar inseguro quando estamos fazendo algo que outras pessoas também vão ver. Acho que, o que as pessoas devem pensar é que talvez com um pouco de esforço podem escrever coisas legais e que podem ser aperfeiçoadas sem precisar copiar de outras pessoas.

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  2. Poderia ser mais divulgado. Eu só soube destas postagens porque li no Manual de Técnicas. Acho que se não fosse por lá, nem ficaria sabendo.

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  3. O mesmo aconteceu comigo. Nancy M. Amaral

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  4. Muito boa esta postagem, esclarece muito. Nem sabia da existência de autoplágio. Renato de Abreu

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